11/05/13

Porque é que ainda não saí do Facebook?

Muitos amigos costumam dizer-me que estar no Facebook é uma perda de tempo. Os mais radicais insistem afirmando que estou a ser colonizado pelas grandes corporações que usam os meus dados em função dos seus interesses comerciais. Outros sugerem mesmo que é um lamaçal, um buraco negro virado para o narcisismo, consumo e o sexo mercadoria. Numa palavra, segundo eles, estou a ser apanhado pela feitiçaria do capitalismo. 

Contudo, talvez as coisas nãos sejam assim tão lineares e dicotómicas. Talvez seja possível divulgar a inteligência ecosófica, a ecologia profunda nestas redes digitais. Ou seja usar os instrumentos da escravidão para libertar. 

Partilhar no facebook filmes e textos inteligentes é uma forma de resistir à onda de estupidificação e de narcisismo bacoco que caracterizam, em grande parte, as redes digitais. É um prazer partilhar estes olhares alternativos. Uma sabedoria ecosófica que nos pode levar a um outro olhar no nosso quotidiano. 

Vou dar um pequeno exemplo.




Partilhar o filme "Tudo Vigiado por Máquinas de Adorável Graça" pode funcionar como uma terapia à distância para nos libertar deste apelo-feitiço, esta sedução demoníaca pelas máquinas.Como diz Luiz Carlos Pinto, "este filme parece desde o início uma referência à miríade de máquinas, maquinetas, gadgets, equipamentos, eletro-coisas e i-coisas, computadores, plataformas e sistemas de informação que alçamos à condição de essenciais para lidar com a vida cotidiana. Para sermos mais felizes, compreendidos, lembrados, vistos; para sermos melhores, enfim. O feitiço dessas mercadorias vem radicalizando a sublimação do homem pela coisa, ou pelo motor. Você vale por quanto pesa o seu motor de mão".

Coisas que me vieram à mente. "Uma pessoa vale não pelo que é mas pela potência do seu computador, telemóvel, automóvel, pelo dinheiro-feitiço que possui no banco, etc. Somos avaliados pela quantidade de ausência, de nada que possuímos. A feitiçaria da mercadoria é mesmo poderosa, bolas!" 
Ver filmes como este pode então criar uma sensação de insatisfação que nos leva a fazer coisas diferentes. A cura  começa por usar menos o nosso automóvel, usar menos o telemóvel e o facebook para conversar mais com os amigos à volta de uma lareira ou de uma comida saborosa por exemplo. Outro exemplo: em vez de perder centenas de horas no Facebook nos jogos sugadores de tempo tipo Farmville, criar uma mini-horta urbana na varanda do nosso apartamento, etc. Micro acções para sair desta feitiçaria da ausência, a feitiçaria do capitalismo. Estarmos mais aqui e agora  em conexão com o mundo mineral, as plantas, animais e seres humanos. 

Sites referidos no texto: